Uma polêmica entre advogados de Brasília está dando o que falar. A confusão começou depois de o escritório Telesca e Advogados Associados anunciar uma vaga de estágio em alguns grupos de WhatsApp. Na divulgação da oportunidade, o escritório ressaltou que a vaga de estágio na área de Direito seria “exclusivamente para afrodescendentes”.
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A proposta define uma série de crimes contra o Estado democrático de direito e suas respectivas penas. Se o autor for agente político, estará sujeito também a responder por crime de responsabilidade. Mas a manifestação de pensamento, a crítica aos poderes constituídos e seus integrantes, ou o movimento, reunião ou manifestação coletiva pacífica de protesto ou reivindicação de direitos não constituem crimes.
Após a publicação, alguns advogados criticaram a iniciativa, afirmando que o anúncio configurava tratamento discriminatório, outros reagiram com piadas consideradas racistas e ironias. Diante da divulgação das mensagens, a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) decidiu encaminhar o caso para apuração do Tribunal de Ética e Disciplina.
A comissão de Igualdade Racial da Ordem vai se reunir, nesta segunda-feira (10/5), para apreciar o caso e redigir a peça de denúncia. Em nota, a OAB-DF afirmou que “racismo não é mal-entendido, racismo é crime”.
Entenda o caso
A divulgação da vaga causou reações contrárias nos grupos em questão. Enquanto alguns defenderam a iniciativa, outros a criticaram duramente, tendo ainda os que debocharam e teceram comentários considerados racistas.
Em algumas mensagens, o advogado Renato Pedroso, 33 anos, questiona que a vaga estaria excluindo grande parte da população. “Ele pode excluir o cara por ser branco?”, perguntou. Em entrevista ao Correio, Renato afirmou que nenhuma de suas falas tem cunho racista e que é contra qualquer tipo de preconceito.
“Sou absolutamente contra qualquer tipo de discriminação, os prints nos quais aparecem o meu número há questionamentos sobre o porquê de a vaga fazer distinção para a vaga, o que, a meu ver, não faz sentido. Ser humano é ser humano, independentemente da cor”, disse.
Outro envolvido na polêmica, Yuri Melo, 48, afirmou que foi vítima de informações mentirosas. Em algumas publicações, o advogado é acusado de usar o termo “macaco” durante a discussão. Yuri se defende, destacando que usou o termo em outro diálogo, que não tinha relação com a divulgação da vaga de estágio, e que “macaco” é o apelido de um primo dele.
“Estávamos brincando sobre acordar um colega advogado e eu disse que chamaria meu primo “macaco” para isso. Tiraram minha fala de contexto e envolveram nessa questão, me acusando de racismo, o que é um absurdo e um crime”, frisou.
Yuri ressaltou que não chamou ninguém de “macaco” no grupo e, questionado sobre as outras falas referentes à vaga de estágio, afirmou que é totalmente contra qualquer tipo de preconceito. Disse ainda que o grupo é um espaço de brincadeiras entre colegas.
“Eu sou descendente de negros, e luto contra o racismo. É insustentável me acusarem assim. Brinquei até que sou amarelo e não poderia me candidatar para a vaga, mas foi uma pergunta feita para mim em contexto de brincadeira”, alegou.
No grupo, surgiram outras mensagens que foram criticadas. Entre elas, “estão lacrando geral, mas essa lacração só está desagradando”. Outro advogado chegou a se comparar com o cantor Fiuk, dizendo que se sente obrigado a pedir desculpas por ser branco, homem e heterossexual.
O advogado Wallason Andrade também aparece nos prints vazados do grupo. Em uma das mensagens, ele diz: “Acho lindo o racismo contra branco”. Procurado, Wallason afirmou que as mensagens foram tiradas de contexto e que o questionamento levantado no grupo foi o motivo da exclusividade das vagas para afrodescendentes. “É um grupo no qual todos se conhecem e, por isso, é menos formal”, completou.
Os demais envolvidos foram procurados pela reportagem, que não obteve retorno até a mais recente atualização. O espaço continua aberto para manifestação.
Fonte: Direitos News
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